No melhor dos mundos, a eminência de um dia brilhante de sol ilustra a rotina, seduz o sorriso – “…é o sol que varre o inverno do rosto humano” – Victor Hugo”, e conquista as pessoas visivelmente inacessíveis. Sob o signo do sol, Londres é reveladora no seu caráter excêntrico e quase crível na sua lenda urbana. Siga os enigmas dispersos e devore seus segredos. Londres é possível!

Primrose Hill
Na contramão, o Reino Unido esta à esquerda das vias do mundo. Na Idade Média, a regra de direção era mantida à esquerda por motivo de defesa – à esquerda era o alcance da espada. No século 18, com a rivalidade dos impérios, as regras de direção se dividem entre a esquerda britânica e a direita napoleônica. O curioso é que há um local em Londres onde a direita é a norma. Savoy Court é uma pequena rua privada, de acesso ao Savoy Theatre, que tem o privilégio desde 1929 de dirigir na mão direita, evitando os veículos de obstruírem a saída do hotel. O show deve sempre continuar.

Savoy
Há em Londres várias entradas que guardam imensos jardins e fatos históricos. Nos limites da sua geografia a cidade guarda um fato surpreendente. A histórica rua Ely Place foi o endereço do Palácio dos Bispos de Ely de Cambridgeshire e ainda é o local da mais antiga Igreja Católica na Inglaterra – Etheldreda’s Church de 1250. Ely Place exerceu grande influência na cidade de Londres e ainda é tecnicamente parte de Cambridgeshire. Situação análoga ao Vaticano. A polícia poderá somente entrar com autorização do guardião de seus portões.

Ely Place
E de caráter não menos espetacular é a lenda do homem que viveu 152 anos, alimento para o folclore urbano. Thomas Parr viveu 152 anos e 9 meses e foi sepultado na Abadia de Westminster pelas ordens do Rei Charles I. O segredo da longa vida era creditado a uma dieta rica em laticínios, cebolas, cidra e uma vida sem cigarros – “mantenha seus olhos abertos e sua boca fechada”. Com a noticia se espalhando pelo reino, Thomas Parr virou uma celebridade do seu tempo. Ele foi pintado por Rubens e Van Dyke e sua pintura pode ser vista na National Portrait Gallery.

Thomas Parr
Mas se tudo isso lhe cheira peculiar, imaginem aos narizes da cidade de Londres! Há esculturas de narizes espalhados pela região central da cidade. Talvez, o mais antigo é o exposto no Admiralty Arch, próximo a Trafalgar Square. Há controversas sobre a sua criação contudo alguns acreditam em duas explicações. A primeira, uma homenagem a Edward VII, Duke de Wellington que teria um nariz um tanto quanto largo demais e a segunda seria uma esnobe provocação à estatura de Napoleão, uma vez que o nariz está a 2 metros de altura. Os policiais a cavalo fazem bom uso desse “troféu”.

Admiralty Arch
Contudo a mais promissora de todas as lendas é sobre os Sete Narizes do Soho. Pelo mito urbano o observador que descobrir os 7 narizes alcançará riqueza eterna. Os narizes surgiram como forma de protesto do artista plástico Rick Buckley contra a aparição da CCTV – as cameras foram vistas como o Big Brother do Estado. George Orwell vive!

O mais novo dos narizes – Meard Street
Do berço da liberdade, Londres uma cidade de exceções, de ironia fina e mordaz – muito das vezes subentendida, a excentricidade é promovida, consciente ou inconscientemente. Considerando o estado das excentricidades – um eufemismo para muitos, Freud defendia as como exemplos que serviam de válvula de escape – um ato anárquico, em meio as convenções sociais. Por todas as razões do mundo, sejamos ousados e criativos sob o signo da luz!
Londres é a permissão do excêntrico!

Middle Temple Gardens
Ao Pé de Londres, turismo à sua medida.