Há tempos em que nada subtrai aquela curiosidade sobre ‘o que foi um dia’ Londres. Rua é a salvação. No cinza de sua cor está a expressão introspectiva – e reservada, do temperamento londrino. Existe um certo conforto no cinza de seu tempo, há uma faceta poética, um magnetismo visceral. É o balanço das forcas naturais. Há uma combinação indecifrável dessa energética e flexível cidade. Londres é a locomotiva, uma visão de que há sempre algo à frente do nosso tempo, uma dimensão de fatos e relatos – lúdicos e real, de sua hipnotizante história.

Guildhall – câmara de comércio medieval. As mulheres era permitidas a gerência dos negócios da família com o falecimento do marido.
A percepção do silêncio nos vagões de metrô londrino é uma das leituras dessa sociedade vivaz – e mordaz. Esse silêncio contrapõe a balbúrdia, a panaceia, a Babel que Londres se transforma ao enveredarmos na filosofia de suas glórias – e na tragédia de seus contos. Dos amores e das amantes, Henry VIII não foi o mais mulherengo da monarquia britânica mas com certeza o mais ostentoso das aventuras palacianas. Casado e desesperado por um filho legítimo – já com vários ilegítimos, Henry se divorcia de Catarina de Aragão contrariando os preceitos do catolicismo e fundando o anglicanismo. Em Richmond, a memória extraconjugal de monarcas está viva na arquitetura das casas de campo, à beira do Tâmisa, que ora suas amantes desfrutaram sem a extensa etiqueta real.

Marble Hill House – o retiro da amante real.
Por anos a mulher, sempre tão subjugada pela camada misógina dos varões do mercado, são expostas a questionamentos acerca de suas habilidades – claramente superiores, por seus algozes sociais. No século 19, a venda de esposas era o expediente usado pelos maridos como uma forma rápida e eficaz de se obter um divórcio. Os leilões aconteciam em mercados locais e o pagamento de uma taxa era tudo que se precisava para o marido realizar a venda. As esposas cientes do futuro, usavam uma coleira similar às usadas pelos animais ali também leiloados, haviam casos de transações de acordo com o peso da esposa.

Smithfield Market – mulheres a leilão.
O Parlamento britânico foi pela primeira vez (2014) usado como locação de uma filme comercial. O filme The Suffragette retrata, depois de mais de 100 anos, a luta pelo direito de voto das mulheres. Emmeline Pankhurst é a figura representativa do movimento sufragista. O movimento fazia campanhas de projeção espetacular e às vezes para alcançar o objetivo usavam uma abordagem radical visto que as táticas pacíficas pareciam ter esgotado a validade. Existiam outros grupos feministas mas geralmente ofuscados pela projeção dos estilo combativo das sufragistas. O filme será lançado no próximo ano.

The Suffragettes, o filme sobre a história do voto feminino. Locação: Bank.

Henry VIII, a sua única estátua ao ar livre em Londres.

Cemitério Cross Bones de ‘mulheres solteiras’, um eufemismo para prostitutas.

Abadia de Westminster
Até breve!
Ao Pé de Londres, turismo à sua medida.