
Tower Bridge

Vauxhall
Perder a ternura, jamais!
Tower Bridge
Vauxhall
Perder a ternura, jamais!
Londres transmudando! Segunda semana de setembro, e as folhas já retratam a dramaticidade e o fulgor do outono. A luz do sol, agora tímido, joga cores na vida de outrora verão – o brilho virou gloss. “Eu acredito em alterar para sempre o aspecto de alguém para a luz. Eis meu otimismo’, Virginia Woolf. O tempo, fluído da vida, se prontifica de nos dar o conhecimento sobre o capricho que é o despedir das estações. Nós, anárquicos, lutamos em aceitar a despedida – a metafísica da avidez humana!
No facho de luz, divagamos na periferia de ruas, avenidas e estações para descobrir o charme de suas entranhas – ligeiramente exóticas, que se escondem no curioso de sua harmoniosa simetria e dessimetria – passado e presente. Londres é solene, é grande – e atrevida! Em seus atalhos buscamos o som privilegiado da paz e encontramos o delírio silencioso das almas corridas. Pelos vagões vazios de vozes e a pela velocidade das almas na Ludgate Hill, Londres é a fina arte do trocadilho de ir e vir. E como não ir? E como não vir? Uma vez iniciado, a cidade é uma Tatuagem de Buarque ‘para te dar coragem’ – ela simplesmente permeia e fica!
Nos dias quando tudo transita entre o fluxo das nuvens e o sol, o manto da existência se despe das contradições do tráfego humano. Há contemplação pelos ares, há sorrisos módicos, há pontes de desejos, há efêmeros encontros, há o indecifrável…Londres catapulta os substantivos. “Nada fica sempre igual e nada existe realmente. Portanto, as aparências e o vazio existem simultaneamente”, Dalai Lama. A cidade sintetiza a integração de dados.
Na análise veloz, a superfície do fato é que “aquilo a que você resiste, persiste”, Carl Jung. Há muitos críticos, em todas as partes – ‘Keep Calm and Carry On’, que questionam sobre o legado dos grandes jogos. Em Londres a experiência é diferente. A magnitude do Parque Olímpico Rainha Elizabeth é o concreto do vigor britânico – a perseverança e a criatividade guiam esse segundo período elizabetano, com o uso comunitário do espaço. A fluidez da arquitetura é atrativa, imperdível!
Parque Olímpico Rainha Elizabeth
Do estandarte de sua grandeza à graça de sua alegria, Londres é também o berço do palhaço. Joseph Grimaldi, londrino de Clerkenwell, foi grande na arte de criar a catarse coletiva com o riso – um antídoto para a geração de Charles Dickens. Grimaldi reinventou a graça com a idéia genial das cores do palhaço e criou a figura estética tão conhecida nos palcos do mundo. Que os sentimentos sejam sempre coloridos de risos e alegrias de um palhaço.
Com a alegria dos incautos palhaços, navegue em transe com a beleza de Londres sempre tão mutante – não perca a maré baixa do Tâmisa. No outono vacilante, como renascer se tudo teoricamente esta fenecendo? “Repare que o outono é mais estação da alma do que da natureza.”, Nietzsche. Vista se de ventos, cores e sons. Não há espaços para dúvidas e muito menos para esperas. O tempo se perde em devaneios – e nos sonhos que se impõe!
Há tempos em que nada subtrai aquela curiosidade sobre ‘o que foi um dia’ Londres. Rua é a salvação. No cinza de sua cor está a expressão introspectiva – e reservada, do temperamento londrino. Existe um certo conforto no cinza de seu tempo, há uma faceta poética, um magnetismo visceral. É o balanço das forcas naturais. Há uma combinação indecifrável dessa energética e flexível cidade. Londres é a locomotiva, uma visão de que há sempre algo à frente do nosso tempo, uma dimensão de fatos e relatos – lúdicos e real, de sua hipnotizante história.
Guildhall – câmara de comércio medieval. As mulheres era permitidas a gerência dos negócios da família com o falecimento do marido.
A percepção do silêncio nos vagões de metrô londrino é uma das leituras dessa sociedade vivaz – e mordaz. Esse silêncio contrapõe a balbúrdia, a panaceia, a Babel que Londres se transforma ao enveredarmos na filosofia de suas glórias – e na tragédia de seus contos. Dos amores e das amantes, Henry VIII não foi o mais mulherengo da monarquia britânica mas com certeza o mais ostentoso das aventuras palacianas. Casado e desesperado por um filho legítimo – já com vários ilegítimos, Henry se divorcia de Catarina de Aragão contrariando os preceitos do catolicismo e fundando o anglicanismo. Em Richmond, a memória extraconjugal de monarcas está viva na arquitetura das casas de campo, à beira do Tâmisa, que ora suas amantes desfrutaram sem a extensa etiqueta real.
Marble Hill House – o retiro da amante real.
Por anos a mulher, sempre tão subjugada pela camada misógina dos varões do mercado, são expostas a questionamentos acerca de suas habilidades – claramente superiores, por seus algozes sociais. No século 19, a venda de esposas era o expediente usado pelos maridos como uma forma rápida e eficaz de se obter um divórcio. Os leilões aconteciam em mercados locais e o pagamento de uma taxa era tudo que se precisava para o marido realizar a venda. As esposas cientes do futuro, usavam uma coleira similar às usadas pelos animais ali também leiloados, haviam casos de transações de acordo com o peso da esposa.
Smithfield Market – mulheres a leilão.
O Parlamento britânico foi pela primeira vez (2014) usado como locação de uma filme comercial. O filme The Suffragette retrata, depois de mais de 100 anos, a luta pelo direito de voto das mulheres. Emmeline Pankhurst é a figura representativa do movimento sufragista. O movimento fazia campanhas de projeção espetacular e às vezes para alcançar o objetivo usavam uma abordagem radical visto que as táticas pacíficas pareciam ter esgotado a validade. Existiam outros grupos feministas mas geralmente ofuscados pela projeção dos estilo combativo das sufragistas. O filme será lançado no próximo ano.
The Suffragettes, o filme sobre a história do voto feminino. Locação: Bank.
Henry VIII, a sua única estátua ao ar livre em Londres.
Cemitério Cross Bones de ‘mulheres solteiras’, um eufemismo para prostitutas.
Abadia de Westminster
Até breve!
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