No frenesi da cidade de Londres, há dias, que “eu quero uma casa no campo onde eu possa ficar no tamanho da paz…”, Elis cantou ao mundo. No despertar do dia, o coração merece o campo ou o que mais próximo se tem dele. Um sentimento que cheira mato verde, um estado que remete aos anos livres de criança, àqueles dias de verão – pássaro cantando, patos voando, o rio corrente e o sorriso nos lábios de contar histórias simples, belas, puras e livres para ser ou estar, feliz!

Waterloo Station
Londres é uma pletora de possibilidades. A cidade proporcionar um escape, um antídoto contra as buzinas da Marylebone Road, do horário de pico da Oxford Street, dos viadutos de Hammersmith, das curvas delirantes do dia a dia. Nessa verve, o destino é a Waterloo Station, um terminal de entrada majestosa e de beleza imponente. A estação está regularmente abafada de pessoas, ‘ a vida se repete na estação’ – Milton Nascimento. Em meio à multidão, Twickenham é a escolha da vez. O distrito está a cerca de 23 minutos de Waterloo, e por apenas £4.30, o cenário logo se desfaz – o campo, o pasto livre, o multi uso do rio vai retratando o bucólico.

Church Street
Ao chegar em Twickenham – local onde faleceu El Rei Dom Manuel II, o último rei de Portugal, a direção é a linda rua Church St. A histórica rua é o microcosmo da comunidade – há no Reino Unido um grande apelo ao resgate das lojas independentes, o coração que define a peculiaridade das comunidades. Os estabelecimentos vão desde galerias de arte, antiquários, restaurantes, bares, lojas de perfumes, barbearias, padarias a estúdios de tatuagens. Busca se o êxodo das grandes cadeias de loja e um retorno a um modelo antigo de atividade econômica.

Igreja de St Mary
Ao final da Church St encontra se a Igreja de St Mary’s, onde está enterrado o poeta jardineiro Alexandre Pope. Pope é considerado um dos maiores poetas do século XVIII – “um pouco de cultura é uma coisa perigosa”, e lembrado como o grande contribuidor do paisagismo inglês ao estabelecer a relação do homem com a natureza através da sua tão admirada obra – a gruta.
Aos fundos da Igreja, localiza se o que para mim é a mais bela poesia-concreta de Londres, ‘Oceanides’. Popularmente conhecida como ‘As Senhoras Nuas’ a obra está localizada nos jardins da York House, à margem do rio Tâmisa. Em estilo italiano, as estátuas estão fixadas nas rochas da cachoeira, em um jardim ornamental com uma bela lagoa, com lindas árvores e flores. As estátuas estavam entre os bens do célebre fraudador Whitaker Wright que cometera suicídio ao ser condenado por fraude. É lindo acima de tudo!
Sob o reino do Sol, o rio Tâmisa reflete o belo. Estendendo a estadia e caminhando pela história da região, a ilha de Eel Pie está logo a frente da “As Senhoras Nuas”. A ilha é conhecida como o grande celeiro do Jazz e Blues da década de 1960 e um expoente de grandes nomes da cultura Pop do Reino Unido – The Who, David Bowie, Pink Floyd, Rolling Stones e muitos outros. Hoje a ilha é habitada por poucos moradores, pequenas empresas, estúdios de artistas e reserva natural.
Há tanto para se ver e falar sobre esse que é mais um dos belos segredos de Londres. Embarque na estação, o trem é o seu passaporte. Descubra e viva a experiência que facilmente se misturará à doce lembrança do campo. Tudo Ao Pé de Londres!
Até breve!
Ao Pé de Londres, turismo à sua medida.