Em um lindo dia de sol, o brilho é a cor regente. Andar pelas ruas de Londres é buscar um contraste, um delírio e no fascínio de sua história conhecer as fronteiras do que um dia foi Londínio. Há sempre uma referência e divagar pelo presente através dos fragmentos de resistência é rever marcas do passado, é entender a resiliência londrina.
A Muralha de Londres
Com as ciladas do tempo, urbanização caótica e o Grande Incêndio de 1666 as lembranças de Londres medieval é hoje rodeada de reformas e construções. Despida de seu forte, Londres está sem limites! O Grande Incêndio criou a oportunidade de construir uma nova história, a glória do Império. Mas o que sobrou das noites de chamas? Pouco mais de 18 prédios.
Um exemplo é a pequena rua Cloth Fair escondida ao lado da Igreja St Bartholomew the Great, na qual as casas 41/42 construídas entre 1597 e 1614 resistiram ao incêndio devastador, graças ao muro da igreja matriz que as protegeram.
41/42 Cloth Fair
Na mesma área, o Hospital de St. Bartholomew impõe se como o mais antigo da Europa, 1123. E sobrevivente de 1666. Foi neste hospital que iniciaram as primeiras pesquisas do sistema circulatório e os princípios da cirurgia geral. Com uma história de muitos acertos e percas, o hospital é o berço legal de pesquisa em cadáveres no estudo médico.
Hospital St Barts, o lado medieval.
Visto a ferocidade do fogo, é apenas possível determinar a localização de alguns prédios, 18 no total. O Guildhall é um deles. O seu teto foi todo reconstruído mas a sua estrutura é a mesma do século 15. Na lenda britânica é o local onde foi o palácio de Brutus de Troy, o fundador de Londres e primeiro rei britânico.
The Guildhall
Com a destruição veio a regulamentação das construções – largura, altura, dimensões foram revistas. Com toda essa transformação, os prédios que resistiram ou escaparam do incêndio foram sendo assimilados ao novo.
St. Bartholomew’s Gatehouse construída em 1595
Há pouco do período medieval londrino – o de pedras, e o Grande Incêndio é a razão para esse passado de poucos retratos. Para celebrar a reconstrução de Londres, foi erguido o memorial The Monument. Um símbolo do espírito empreendedor londrino.
Contornos de Christopher Wren, The Monument.
Na resistência do seu material, Londres é pedra esculpida. Sob a luz do magnífico, o concreto adorna a complexidade dos pensamentos. De um período irregular, Londres é lapidada à sua excelência. “O passado não reconhece o seu lugar: está sempre presente”, diria Quintana. Resiliência no DNA.
E com a lanterna do presente, e uma fome de leões, The Seven Stars é a ultima visita do dia – justiça e política são o tempero da clientela de pequeno pub. Não espere um menu com variedade e extravagância medieval, é tudo muito conciso mas o ambiente é agradável. O prato de fillet de manjuba com molho de dill doce é delicioso. E nessa altura, já na minha terceira rodada de Merlot despeço me do passado de chamas e no cheiro das ruas congelo me de emoções.
Londres à flor da pele!
7 Stars